Com números de casos de contaminação cada vez mais alarmantes, a dengue não sai do noticiário, além de fazer parte das conversas diárias entre a população do Distrito Federal.
O Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde (MS), atualizado nesta terça-feira (20), o DF lidera a incidência de dengue no país, com 2.874 infecções prováveis a cada 100 mil habitantes.
Com relação ao perfil dos casos prováveis de dengue por sexo e grupo etário entre os residentes no DF, observa-se a maior incidência dos casos no sexo feminino, com 2.176,9 casos por 100 mil habitantes. O grupo etário com maior incidência de casos prováveis de dengue, em residentes no DF, está na faixa etária de 20 a 29 anos com incidência de 2.386,1 casos por 100 mil habitantes, seguido pelos grupos etários de 70 a 79 anos e 80 anos e mais, com 2.361,2 casos por 100 mil habitantes e 2.348,2 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.
As regiões administrativas que apresentam maior incidência da dengue são: Ceilândia com 14.718 casos prováveis, seguida de Taguatinga com 4.428, Sol Nascente/Pôr do Sol registrou 4.352 casos, Brazlândia tem 4.069 registros e Samambaia contabilizou 3.378 casos.
A dengue é uma doença viral transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Originário da África, o Aedes foi disseminado de forma passiva pelo homem, hoje é considerado um mosquito cosmopolita e se reproduz em depósitos de água parada. O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos.
Os primeiros sinais da dengue aparecem de quatro a dez dias depois da picada do mosquito infectado. A doença começa bruscamente e se assemelha a uma síndrome gripal grave.
Mas agora que o Aedes aegypt virou o grande vilão da transmissão de doenças como dengue, zika, febre amarela e chikungunya, fica a dúvida: os pernilongos também são um problema sério?
O mosquito da espécie Culex quinquefasciatus, conhecido como pernilongo ou muriçoca, é bem mais comum nas cidades brasileiras que o Aedes, embora não seja um vetor de doenças tão poderoso.
O Aedes chama a atenção pela capacidade de adaptar-se e resistir às adversidades, o que o faz viver mais que a média dos mosquitos e carregar os vírus na saliva por mais tempo. Ao contrário do pernilongo, o ‘mosquito da dengue’ tem hábitos de alimentação flexíveis e pode picar de noite ou de dia.
Mas apesar de não carregar tantas doenças, o Culex transmite, por exemplo, febre do Nilo Ocidental, febre de Mayaro e encefalite de Saint Louis.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também investiga se ele é capaz de passar os vírus da zika, da dengue e da chikungunya. Vale lembrar que a primeira epidemia da zika aconteceu na Micronésia, que não é habitat do Aedes aegypti, o que sugere que outras espécies atuaram como vetor da doença.
Atualmente, o que se sabe de concreto é que o pernilongo transmite doenças sérias, com potencial de epidemia, mas sem a atual abrangência da dengue ou da zika. O maior perigo do Culex é a transmissão da febre amarela, mas para esta doença já existe vacina.
As outras dependem da circulação das pessoas contaminadas. Não é o mosquito que faz o vírus se movimentar, mas o homem – seja pelo trabalho ou pelas rotas de êxodo pelo país.