No banco dos réus juntamente com outros colaboradores do câncer, o papilomavírus humano, mais chamado de HPV, já não é culpado apenas por danos a um único órgão ou por ameaçar exclusivamente o sexo feminino, apesar de continuar a ser responsável pela esmagadora maioria dos tumores de colo de útero, um dos que mais tem incidência entre as mulheres.
Agora levando a mensagem aos outros alvos do HPV, todo sinal de que há algo errado na boca, na garganta ou no pênis precisa de policiamento médico.
Vale lembrar que nem todos os tipos de HPV estão de conluio com o câncer (os tipos 16 e 18 são os principais meliantes), e nem todo contato com o vírus, mesmo que de alto risco, não significa que necessariamente haverá um tumor.
Meios de Prevenção
Antes de procurar o intrometido, você deve saber que se esquivar dele está a seu alcance. Mesmo não sendo 100% eficiente quanto ao HPV, a camisinha ajuda a evitar a infecção. O problema é que geralmente ela só é lembrada na hora da penetração.
Você sabia que o próprio saco escrotal pode ser portador do vírus? Por mais antiquado que pareça, quanto menos parceiros uma pessoa tiver, menor é o risco de contágio. Também é importante cortar outros fatores pró-câncer, como por exemplo, a combinação vírus, cigarro e álcool para os tumores de garganta.
A maneira mais segura e eficaz seria a imunização, que por enquanto é destinada apenas entre 9 a 14 anos e meninos entre 11 a 14 anos.
Dos tumores associados ao vírus, em média 70% dos de colo de útero, 80% dos de amígdala e 40% dos de pênis têm relação com o HPV 16 e 18, contemplados pelas vacinas disponibilizadas.
Começa Com Um Vírus e Se Transforma Em Um Câncer
Veja por que tipos de HPV como o 16 e o 18 causam tumores no colo do útero, boca, garganta e pênis:
- Basta o Contato Sexual: até mesmo uma carícia mais assanhada e o vírus se instala no corpo do novo hospedeiro. Rapidamente, o vírus se move e encontra um lugar perfeito para dar o bote (uma mucosa como a do útero ou a da garganta). Uma vez instalado, despeja seu material genético dentro de uma célula. Assim, o DNA do HPV se mescla com o da célula infectada.
- Com a junção dos genomas do vírus e da célula, o microrganismo para de se reproduzir, mas ainda é capaz de fabricar 2 proteínas, a E6 e a E7. Essas proteínas são capazes de anular o trabalho de 2 genes humanos, o p53 e o pRb, que cuidam do bom funcionamento do nosso código genético.
- Sem funcionar, esses genes deixam de enviar a mensagem de que a célula defeituosa precisa ser destruída. Assim, essa espécie de aberração celular se multiplica, criando outras unidades imperfeitas. Dessa forma surge o tumor, que, se não for exterminado a tempo, fatalmente cresce e se espalha.
HPV e Sua Família
- Cutâneos
Como sugeridos pela classificação, essa gangue de papilomavírus humano, a qual pertencem os tipos 1 e 2, invade a pele e é responsável pelo aparecimento de verrugas, principalmente nas mãos e nos pés.
- Genitais
São os HPVs transmitidos sexualmente. Existem os 2 de baixo risco, como os dos tipos 6 e 11, que causam verrugas (muito incômodas) no pênis, na vagina ou no ânus. E para completar o bando tem os vírus de alto risco, como os dos tipos 16, 18, 31 e 45, muito associados ao surgimento do câncer, especialmente o de colo de útero.
Sintomas Incomuns
- Boca: lesões avermelhadas na língua, nos lábios ou nas mucosas das bochechas que aparecem de repente e não somem mais. Idas periódicas ao dentista auxiliam a investigar toda a cavidade bucal.
- Garganta: irritações na faringe ou nas amígdalas (sintomas parecidos aos de uma infecção bacteriana), além de incômodos ou dores insistentes ao engolir um alimento.
- Colo do útero: dores no abdômen, desconforto ao urinar ou aparecimento de secreções na vagina.
- Vagina e vulva: manchas avermelhadas ou lesões na porta de entrada do aparelho reprodutor feminino, além de coceira intensa.
- Pênis: lesões de tons avermelhados na glande, a cabeça do pênis, assim como feridas e verrugas, acompanhadas de coceira.
- Ânus: coceira recorrente, surgimento de pequenos nódulos, sangramento e dores principalmente ao evacuar.
Melhor Tratar
O melhor é que todo dano causado pelo HPV seja remediado antes de virar um tumor. Porém, nem sempre é possível surpreender o problema em estágio tão precoce, seja no útero, seja na garganta. Se uma lesão estourada pelo microrganismo for detectada a tempo, medicamentos, cauterizações ou pequenas cirurgias têm eficiência para conter a ameaça.
Porém, quando o vírus deixa o palco e o câncer entra em cena, os médicos podem recomendar, dependendo da área afetada, de procedimentos cirúrgicos, quimio ou radioterapia. É como diz o ditado: melhor prevenir do que remediar!